terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Limita ou Possibilita?

Em um mundo com tantos bilhões de seres humanos, é muito interessante pensar que cada um de nós é um universo coexistindo em meio a todos os outros. Tantos compromissos, necessidades (reais e imaginárias), urgências e afazeres podem consumir as energias e deturpar a visão de qualquer um que não exerça e faça uso da própria capacidade de manter o controle das situações.

A maioria esmagadora até pensa que está no comando da vida e que age da forma que realmente quer. As pessoas imaginam que fazem o que fazem devido às necessidades externas que surgem; acreditam que, a partir das circunstâncias, é que escolhem suas atitudes, mas não é assim.

Na real o que mais acontece é a prática (inconsciente) da célebre frase tão cantada e repetida, que diz: “Deixa a vida me levar”. E tal qual um coral incidental formado pelas multidões aleatórias encharcadas pela rotina, lá se vão as pessoas viverem vidas inteiras movidas pelo piloto automático, limitado e defasado, empobrecendo e reduzindo as possibilidades da existência.

Estar no, ou pelo menos, tentar recuperar e gradativamente “assumir o controle” da vida, exige uma quebra de padrões que foram se cristalizando ao longo dos anos. Quando falamos em assumir o controle, na verdade, nos referimos a tentar adotar uma tomada de decisões mais consciente em meio ao fluxo ininterrupto da existência.


Um dos primeiros passos nessa direção tem a ver com a escolha de olhar para dentro antes de qualquer outra coisa. Todos precisamos exercitar a capacidade de contemplar mais e melhor aquilo que representa o nosso universo particular. Devemos apreciar nossas próprias estrelas, observar as galáxias que giram em nosso mais profundo íntimo, mergulhar nos buracos negros em busca de luz, acompanhar a trajetória dos cometas que nos orbitam…

Essas ações até podem, em um primeiro momento, gerar certa insegurança, mas esta logo é substituída por uma sensação incrível de aventura e desbravamento do novo. Aquele sentimento arraigado no espírito humano, que levou o homem à Lua, é o mesmo que experimentamos ao embarcar nessa fantástica jornada.

Na esteira dessa ação inicial começa a nascer uma nova possibilidade (oportunidade)… É mais ou menos nesse ponto, lá dentro, quando estamos mergulhados em nós mesmos, que despertamos nossa capacidade de perceber o som do silêncio. Nosso silêncio. E escutamos a linda e exclusiva melodia silenciosa que toca em cada um. Então, de repente, passa ser possível, mesmo que rapidamente, ter um vislumbre sobre o que é realmente importante nessa vida, de modo que nossas escolhas estejam mais alinhadas a novas e boas possibilidades.

O externo, muitas vezes, nos LIMITA, enquanto o contato com o interno e tudo aquilo que temos de mais profundo, POSSIBILITA sentimentos, sensações, experiências e uma visão que nem sequer sonhávamos antes.

Podemos, devemos e queremos (?) olhar mais para dentro. A maior e melhor agência de viagens que existe somos nós mesmos, quando decidimos conscientemente embarcar na fabulosa odisseia interior.

Em alguns momentos da vida, é possível que todos tenhamos oportunidades de despertar do torpor coletivo, fugir dos pensamentos, conversas, ambientes limitantes e rumar para o arquipélago das possibilidades. Nesse lugar (estado, na verdade), somos tudo que queremos; tudo que sonhamos, somos tudo que mais amamos. Por isso, nossos quereres, quando ali estamos, são mais verdadeiros. São livres, leves e purificados dos desejos puramente nascidos no ego.

Que não sejamos “cegos” do coração! Que não sejamos como pregos encravados nos escombros arrasados de uma mentalidade que já provou incontáveis vezes sua inutilidade.

É hora de expandir limites. É tempo de experimentar novas e incríveis possibilidades.


Fonte: Eu Sem Fronteiras