terça-feira, 29 de agosto de 2023

'Deep tech': o que é tecnologia profunda e por que Brasil está em 2º em ranking latino.

Tudo começou como uma pequena startup na Costa Rica dedicada a inovar na área de implantes mamários. Mas hoje a Establishment Labs é uma empresa listada na Bolsa de Valores de Nova York Nasdaq com uma avaliação de mercado de US$ 1,8 bilhão.

Usando inteligência artificial, a chilena NotCo está substituindo alimentos de origem animal por alternativas à base de plantas, enquanto a empresa argentina Bioceres se dedica a revolucionar a forma como os alimentos são cultivados.

Na área de tecnologia espacial, a empresa argentina Satellogic cria constelações de satélites de alta resolução e baixo custo para observar a Terra.

O que essas empresas têm em comum? Elas fizeram descobertas científicas ou criaram inovações tecnológicas consideradas verdadeiramente disruptivas.

Ao contrário de outras empresas que desenvolvem aplicativos para smartphones ou inovações para um produto ou modelo de negócios, essas startups fazem inovação tecnológica pura, conhecida como deep tech ou tecnologia profunda.

“Estamos vendo uma explosão de inovação de Big Tech na América Latina”, diz Ignacio Peña, autor do estudo Deep Tech: a nova onda, do BID Lab.

“É algo inédito em sua magnitude”, disse o pesquisador à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC. "A tecnologia permite que você faça coisas que não eram possíveis antes, como diagnosticar câncer com uma gota de sangue."

A biotecnologia responde por mais de 60% da inovação de tecnologia profunda na região, seguida pela inteligência artificial, com 11%. Existem outros setores emergentes com menos desenvolvimento, como nanotecnologia, tecnologias limpas, tecnologia espacial, mobilidade avançada ou robótica. Algo interessante que aconteceu nos últimos anos, explica Peña, é que os custos de algumas dessas inovações caíram, abrindo caminho para que elas se disseminem.

Com 101 startups emergentes, o Brasil ocupa o segundo lugar na região em desenvolvimento de deep tech, quase no mesmo nível da Argentina.

Embora o número não seja tão surpreendente em relação ao tamanho do país, as startups brasileiras têm alcançado um alto valor de mercado.

De fato, 37 empresas valem mais de US$ 10 milhões e o setor de biotecnologia representa mais da metade das empresas.

O Brasil tem grande potencial de crescimento, tendo em vista que concentra quase 80% dos pesquisadores da região, mais da metade das patentes e 40% do total de investimentos de capital de risco da América Latina.


Fonte: BBC