terça-feira, 3 de outubro de 2023

Pressão alta atinge mais de 30 milhões de brasileiros e mortes aumentam 72% em 10 anos.

Silenciosa, perigosa e sem cura, a hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta, tem matado mais brasileiros hoje do que há uma década. Em dez anos, quase 300 mil pessoas perderam a vida para a doença, que tem tratamento.

Em 2011, foram 23.233 mortes por hipertensão. Em 2021, esse número subiu para 39.964, o que representa um aumento de 72%.

Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde e levam em conta o que está escrito na declaração de óbito.

Especialistas afirmam, porém, que os números podem ser ainda maiores: 600 mil mortes causadas por hipertensão ao longo de uma década.

Isso porque a hipertensão costuma ser mais fatal quando atinge órgãos essenciais para o funcionamento do corpo humano, como coração e cérebro.

Além disso, é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, doenças renais crônicas e morte prematura, estando diretamente ligada a casos de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

Entenda abaixo duas razões que explicam o aumento das mortes por hipertensão:

1 - Pacientes não levam pressão alta a sério

A hipertensão desafia médicos e pacientes por conta do seu caráter silencioso: em 90% dos casos, não há manifestação de nenhum sintoma.

A única forma de descobrir a doença é medindo a pressão arterial, com aquele clássico aparelho que aperta levemente o braço por alguns segundos.

Apesar de ser bastante perigosa e responsável por grande parte das mortes prematuras no país (entre 30 e 69 anos), a hipertensão não é levada a sério como deveria pela maioria das pessoas.

Segundo Bortolotto, que é presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), o paciente com hipertensão só consegue sentir a doença quando chegam as complicações. "Aí a pessoa fica mais atenta", afirma.

2 - Piora no estilo de vida do brasileiro

Mas não é só por isso que acontece um "boom" da pressão alta no país: o principal ponto de preocupação está em uma piora no estilo de vida do brasileiro nos últimos anos.

Sedentarismo, má alimentação, excesso de sal, sobrepeso e obesidade são algumas das causas apontadas pelos especialistas para aumento nos números. Há também o fator genético, já que a hipertensão pode ser "herdada" da família em até 50% dos casos.

Na última década, a taxa de mortalidade atingiu o maior valor em 10 anos: foram 18,7 óbitos para 100 mil habitantes em 2021, contra 11,8 em 2011.

As taxas de hipertensão diminuíram nos países ricos e aumentaram em muitos países de baixa ou média renda entre 1990 e 2019, de acordo com um estudo da OMS e da Imperial College London, publicado em 2021 na Revista Lancet.

"A hipertensão tem uma relação forte com o estilo de vida que a gente tem, principalmente nos grandes centros urbanos, onde você não tem muito tempo para uma alimentação mais adequada, e aí tem uma chance maior de ter excesso de gordura, de carboidrato e de sal nos produtos consumidos", diz a cardiologista Andréa Brandão.

"Se não tivermos proatividade nesse contexto, a hipertensão vai continuar sendo um das grandes líderes de mortalidade em todos os lugares, incluindo no nosso país", afirma o cardiologista Luciano Drager.


Fonte: G1