Os extremos climáticos no Brasil vão ficar ainda mais extremos em 2023. Isso porque o fenômeno El Niño deve atingir seu auge em dezembro, segundo especialistas. O alerta veio durante o evento “Crise climática e desastres como consequência do El Niño 2023-2024: impactos observados e esperados no Brasil”.
A ocasião reuniu alguns dos principais climatologistas do Brasil na Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro (RJ). De acordo com eles, 2023 caminha para ser o ano com mais extremos climáticos simultâneos no país – e o mais quente dos últimos 125 mil anos, segundo a Organização Mundial de Meteorologia (OMM).
O Brasil enfrenta extremos
climáticos que costumavam ocorrer apenas no verão em anos de El Niño, segundo
os especialistas que participaram do evento. Ainda de acordo com eles, essa
antecipação pode ser resultado da combinação do fenômeno com as mudanças
climáticas.
José Marengo, coordenador-geral
de Pesquisa e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de
Desastres Naturais (Cemaden), também apontou que a distorção do clima não vem
apenas da intensificação do El Niño. Marengo disse que as condições climáticas
na Amazônia e no Nordeste, por exemplo, são influenciadas pelo Atlântico Norte,
que permanece muito quente, apesar de ser inverno no Hemisfério Norte.
O climatologista Carlos Nobre,
copresidente do Painel Científico para a Amazônia, mostrou um estudo, publicado
em 2021 na revista Science, no evento. A pesquisa estimava que uma pessoa
nascida em 1960 enfrentaria, pelo menos, sete ondas de extremos climáticos ao
longo da vida. No Brasil, já ocorreram oito só em 2023.
O que é El Niño?
É um fenômeno que ocorre quando
as águas do Pacífico, próximas à Linha do Equador, passam por um aquecimento
acima do normal por um período de no mínimo seis meses. Ele altera a formação
de chuvas, a circulação dos ventos e a temperatura.
Quais os efeitos do El Niño no
Brasil?
Na região Norte, o fenômeno causa
secas (de moderadas a intensas), enquanto no Nordeste a estiagem atinge
diversas intensidades. No Sudeste, o El Niño aumenta a média de temperaturas,
principalmente no verão e no inverno. Já nas regiões Centro-Oeste e Sul, o
fenômeno causa chuvas acima da média (e, no caso da primeira, temperaturas mais
altas).
Fonte: Olhar Digital.