Em meio à onda de calor que atinge, sobretudo, as regiões Sudeste e Centro-Oeste, o que acontece com o nosso corpo quando exposto a temperaturas extremas? Por que corremos mais riscos? E quais cuidados devemos tomar?
Segundo especialistas, mesmo
que algumas regiões do Brasil frequentemente experimentem altas temperaturas
durante o verão, e os brasileiros estejam geralmente mais adaptados
ao calor em comparação com populações de outros países, a situação é
particularmente perigosa devido à sua intensidade.
O que acontece
Quando o ar fica mais quente que a temperatura da pele, que
normalmente é de 36°C a 37°C, ou se o suor não evapora, começamos a ganhar
calor, e a temperatura central do nosso corpo sobe gradativamente.
No entanto, se esse aumento não for controlado e a temperatura corporal continuar subindo, respiração, pele, rins e coração podem ser afetados.
As consequências podem variar desde um simples mal-estar ou dor de cabeça até a morte, nos casos mais graves. Um estudo recente mostrou que países tropicais como o Brasil enfrentarão provavelmente condições "perigosamente" quentes quase diariamente até ao final do século. "Perigoso", neste caso, refere-se à probabilidade de exaustão pelo calor, a perda excessiva de sais (eletrólitos) e líquidos devido ao calor.
A exaustão pelo calor não vai causar sua morte se você conseguir pará-la e desacelerá-la — ela é caracterizada por fadiga, náusea, batimentos cardíacos lentos e possivelmente desmaios.
O Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS, na sigla em inglês) define como "perigoso" um índice de calor de 39,4°C e "extremamente perigoso" de 51,7°C.
Se uma pessoa atingir temperaturas "extremamente
perigosas", pode sofrer insolação, uma condição muito séria.
Nesse nível, você tem algumas horas para procurar
atendimento médico para esfriar seu corpo ou suas chances de morte aumentam
consideravelmente.
"À medida que a temperatura externa aumenta, cresce a
pressão sobre o nosso organismo para manter a temperatura interna, que gira em
torno de 36,5°C. A frequência cardíaca aumenta como um mecanismo compensatório,
assim como a pressão arterial", diz Lucas Albanaz, clínico geral,
coordenador da clínica médica do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, e mestre em
Ciências Médicas.
"Dependendo da gravidade do caso, pode ocorrer até a
morte, seja pela desidratação extrema, por enfarto ou até mesmo por Acidente
Vascular Cerebral (AVC ou derrame)", acrescenta ele.
Como se proteger do calor intenso
"A palavra de ordem é hidratação, que deve ser feita
principalmente pela ingestão de líquidos. Também é indicado hidratar a pele,
com cremes, as narinas, com soro fisiológico, e os olhos, com colírio. Essas
partes do corpo também são afetadas", diz Albanaz.
Abaixo, destacamos dicas oferecidas pelos especialistas e divulgadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde):
Mantenha sua casa fresca
Tente manter a temperatura abaixo de 32°C durante o dia e
24°C à noite, especialmente para crianças, idosos e pessoas com problemas de
saúde crônicos;
Use o ar noturno para resfriar sua casa, abrindo janelas e
persianas durante a noite;
Reduza a carga de calor interna fechando janelas expostas ao
sol, desligando dispositivos elétricos e pendurando cortinas.
Evite o calor;
Procure os lugares mais frescos da casa, especialmente à
noite;
Se a sua casa não estiver fresca, passe algumas horas por
dia em locais com ar-condicionado, como edifícios públicos;
Evite sair durante as horas mais quentes do dia e atividades
físicas extenuantes.
Mantenha-se hidratado e fresco
Tome banhos frios e use compressas frias para aliviar o
calor;
Vista roupas leves e largas, incluindo chapéu e óculos de
sol;
Use protetor solar;
Beba água regularmente e evite álcool e cafeína, que
contribuem para desidratação.
Faça refeições leves, pouco condimentadas e mais frequentes.
Fonte: BBC