Quantas vezes você respondeu uma pergunta com "sim" quando, na verdade, sua vontade era de dizer "não"? Bom, ainda que você não se considere uma pessoa com dificuldade em dizer "não", provavelmente é incapaz de contabilizar quantas vezes deixou de dar uma resposta negativa por receio do que o outro pensaria. Um estudo conduzido, em 2022, pelo Departamento de Psicologia Comportamental da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, concluiu que as pessoas têm mais facilidade para dizer "sim" do que dizer "não".
O famoso "vou ver e te aviso!" após receber um convite de alguém denuncia o jeitinho brasileiro de temer desagradar ao outro. No entanto, essa atitude, aparentemente inocente, é nociva e pode desencadear grandes malefícios ao indivíduo que se anula na tentativa de satisfazer o outro.
Os malefícios causados por esse
conflito não decorrem apenas em situações extremas. Quando você se sente
obrigado a fazer o cartão oferecido por uma loja ou quando você compra uma
roupa, ainda que não tenha gostado, só porque provou e não tem coragem de dizer
à vendedora que não vai levar, também está invalidando suas vontades para que o
outro não se sinta desapontado — sendo que, em muitas situações, o outro nem se
sentiria mal de fato.
"Essa dificuldade pode ser
influenciada por fatores como experiências ambientais, crenças enraizadas,
baixa autoestima, experiências traumáticas e características de
personalidade", destaca. A psicóloga aponta que ambientes que desencorajam
a expressão de vontades próprias e enfatizam a necessidade de agradar aos
outros podem contribuir para essa dificuldade. Além disso, uma baixa autoestima
e experiências traumáticas relacionadas à rejeição ou à punição por expressar
vontades pessoais podem dificultar a recusa de pedidos ou a imposição de
limites.
Algumas características de
personalidade, como ser excessivamente complacente ou temer conflitos, também
podem desempenhar um papel significativo para que essa dificuldade surja.
"Compreender esses fatores é o primeiro passo para desenvolver habilidades
de assertividade e estabelecer limites saudáveis, e a psicoterapia e a
autorreflexão podem ser ferramentas úteis nesse processo", expõe a
especialista.
Fonte: Correio Braziliense.