Durante quase 40 anos, os cientistas malucos por trás das criações do Cirque Du Soleil produziram mais de 50 espetáculos, que vão desde os mais oníricos (como o Saltimbanco) até aqueles dedicados às obras de artistas consagrados (como The Beatles Love ou Michael Jackson: One).
Eles são um verdadeiro tour de force da arte imaginativa. No entanto, conforme o Cirque vai chegando à sua quarta década – tendo sobrevivido por pouco à pandemia – a companhia está buscando expandir sua presença, ao mesmo tempo em que usa a tecnologia para reformular a maneira como cria novos espetáculos.
Há seis meses, o Cirque du Soleil
entrou no mercado de videogames, com uma proposta no estilo tycoon game (jogo
de simulação) no Roblox. Desde então, acumulou quatro milhões de jogadas, com
sessões médias de 13 minutos (uma eternidade para os usuários do Roblox).
E mais: o lançamento (em
fevereiro) do headset de realidade virtual Vision Pro, da Apple, contará com
uma versão 3D licenciada do "Cirque du Soleil Worlds Away", filme de
2012 produzido por James Cameron (ninguém menos que o diretor de
"Titanic").
INCORPORANDO A IA
Talvez a maior mudança com a qual
Tara esteja lidando seja a incorporação da inteligência artificial nas
operações do Cirque du Soleil. Embora os criadores de espetáculos continuem
firmes no comando, a empresa está estudando como pode incorporar a IA ao processo
criativo.
"Nossas equipes criativas
têm usado a IA como uma ferramenta na sala de criação", diz Tara.
"Elas a utilizam para fazer um painel de ideias de forma mais eficiente.
Costumava levar um dia para renderizar imagens, agora leva minutos."
A incorporação da IA, garante
Tara, não significa que a empresa vai perder a conexão emocional que é tão
crucial para o sucesso do Cirque du Soleil. Na verdade, é uma maneira de
acelerar o processo criativo, sem deixar de fazer o show que os produtores
imaginam.
"Um parceiro me perguntou se
consideraríamos a possibilidade de criar um espetáculo por meio de IA",
diz Tara. "Perguntei ao nosso guia criativo e aos diretores de produção e
eles responderam: 'é claro que queremos fazer experiências com essa
ferramenta'. Em última análise, você tem o controle. Se algo não for realizado
da maneira que acha que deve ser, basta redirecionar a iteração."
ALÉM DO PALCO
Embora o Cirque du Soleil tenha
estreado recentemente um novo espetáculo itinerante ("Echo") e esteja
prestes a lançar um novo espetáculo fixo no resort Outrigger Waikiki, no Havaí,
no final deste ano, também está migrando para um novo tipo de local.
A empresa fez uma parceria com a
Cosm, uma companhia de mídia que planeja construir uma série de teatros em
cúpula (abrindo inicialmente em Los Angeles neste primeiro semestre) para criar
experiências grandiosas.
O Cirque du Soleil acabou de
gravar um de seus shows em Las Vegas no formato 12K, que será exibido em uma
tela de 180 graus. A ideia é atingir um novo público, talvez um que não possa
(ou não queira) pagar o preço de um ingresso para um show da trupe.
A empresa espera que, depois de
assistir à versão cinematográfica expansiva, essas pessoas estejam mais
dispostas a assistir a um espetáculo ao vivo.
"Temos algumas coisas
interessantes que colocamos em prática em 2023 e que serão lançadas em 2024,
mas são em grande parte experimentais", diz Tara. "Estamos aprendendo
em tempo real. Sentimos que [projetos como colaborações com a Cosm] incrementam
a propriedade intelectual de uma forma muito significativa."
Fonte: Fast Company Brasil.