Com mais de 100 mortes confirmadas por complicações em decorrência de dengue, o Distrito Federal vive uma das mais severas epidemias da doença. Além do número de vítimas, a cobertura de vacinação do primeiro grupo prioritário — crianças de 10 a 14 anos — também não chega perto do ideal.
De acordo com o médico sanitarista e pesquisador da plataforma eletrônica da saúde (Ipes) Hêider Pinto, tecnologia no sistema de saúde e na comunicação com os cidadãos são valiosos parceiros na luta contra a doença no DF e em outros municípios e estados que sofrem com a epidemia.
Ao Correio, o pesquisador aponta a importância de construir pontes de informação entre o governo e a população, recrutando, inclusive, os cidadãos para serem ativos na identificação de focos de dengue. Para isso, é necessário construir uma solução tecnológica que permita o diálogo.
“Um exemplo aqui do Recife é o
Conecta Recife, o portal de serviços. Na época da tragédia das chuvas no ano
passado, a maior fonte de informação de onde tinha mais risco de desabamento e
tinha mais desabrigados foi a população. Ela informou os locais e todo dia de
manhã tinha um gabinete de crise indo nesses locais indicados”, diz o médico ao
Correio.
O Conecta Recife é o portal do
município que reúne todos os serviços públicos de maneira digital e permite à
população enviar demandas e denunciar condições prejudiciais de todos os
âmbitos da sociedade.
“Eu posso fazer a mesma coisa na
dengue. Observar os locais falados pela população, aprender de onde estão vindo
mais casos, de onde estão vindo as pessoas mais hospitalizadas e aí fazermos
uma intervenção”, acrescenta.
Hêider também diz que a
tecnologia serve para cruzar dados e criar estratégias. “A partir do
levantamento de dados sobre os casos mais graves, podemos criar uma nova forma
de acompanhar essas pessoas que não ficam nos hospitais, até porque eles estão
lotados. Temos que acompanhar, preciso interagir com ela, orientar a família
dela. Isso tudo o Recife conseguiu avançar pela combinação de tecnologias
digitais de expandir os olhos da Saúde”, detalha.
“A partir dessa comunicação de
confiança com certeza, e obviamente, isso melhora até os índices de vacinação”,
garante Hêider.
Fonte: Correio Braziliense.