O carro evoluiu ao longo de 138 anos de história, desde o Benz Patent-Motorwagen de 1886 até a crise do petróleo da década de 1970. Hoje, uma das principais reflexões está relacionada às baterias dos veículos elétricos. A BYD, uma fabricante chinesa que vem investindo forte no Brasil, tem uma solução própria para isso: as baterias do tipo Blade.
Além da necessidade de recarga
para não ficar parado, a segurança desses veículos é sempre questionada,
especialmente o risco de incêndio em uma colisão. E isso inclui as baterias. No
caso das baterias Blade da BYD, a promessa é que sejam "à prova de
fogo". Mas isso será possível? É o que tentaremos responder neste artigo.
A BYD, fundada em 1995, inicialmente fabricava baterias recarregáveis para celulares e, desde então, se estabeleceu como líder nos setores de eletrônicos, automotivo, energia renovável e ferroviário - chegou a ser a maior fabricante de máscaras descartáveis do mundo no período da pandemia de Covid-19.
Da mesma forma que o duplo airbag
frontal e os freios com ABS passaram a ser obrigatórios a partir de 2014 em
todos os carros produzidos no Brasil, a segurança em tempos de emissão zero de
poluentes precisa ser reavaliada.
Segundo a BYD, sua bateria Blade
é capaz de resistir a acidentes severos sem pegar fogo ou explodir, sendo
chamada de bateria ultra-segura pela marca. Em 2021, a empresa anunciou que
todos os seus veículos 100% elétricos viriam equipados com essa novidade, que
atualmente está presente em todo a linha de veículos elétricos da marca no
Brasil, do Dolphin Mini ao sedã Han.
Construção e diferenciais
Feita de fosfato de ferro-lítio
(LFP), um dos dois tipos de baterias de íons de lítio, a BYD Blade dispensa o
uso de níquel, cobalto e manganês (baterias do tipo NMC).
Apesar de terem uma densidade
entre 20% e 30% menor, ou seja, uma capacidade de armazenamento de energia
menor que as baterias do tipo NMC, o que impacta o tamanho e o peso dos módulos
presentes em um veículo elétrico, as baterias do tipo LFP possuem algumas
vantagens importantes.
Os benefícios desse composto
químico incluem custos menores, que impactam positivamente no preço final do
carro, um ciclo de vida mais longo - com até 5.000 ciclos de carga e descarga
-, e uma maior capacidade de carregamento.
Mas as vantagens não param por
aí. O segredo da bateria Blade da BYD reside no fato de suas células serem
constituídas de longas lâminas, alinhadas transversalmente em um pacote único,
em vez de serem montadas em módulos que depois são unidos para compor a
bateria. Daí vem o nome Blade, que em português significa... lâmina.
Desse modo, ela é mais fina e
comprida — as medidas variam conforme o modelo, mas possuem em média 96 cm de
comprimento e 1,3 cm de espessura. Devido a essa forma de montagem
aperfeiçoada, a Blade faz parte da estrutura do veículo e cada célula serve
como uma viga estrutural, dispensando um invólucro de proteção.
Para assegurar que sua bateria nunca
pegará fogo espontaneamente, a BYD submeteu a bateria Blade a alguns testes de
resistência. Um deles é o teste de penetração com prego, em que a estrutura é
perfurada completamente. Em um vídeo divulgado pela marca, é possível notar que
a Blade não emitiu fumaça nem sinal de fogo, atingindo uma temperatura de 30° a
60° C.
Por outro lado, nas mesmas
condições, uma bateria de íons de lítio tipo NMC excedeu os 500° C e pegou fogo
instantaneamente. Já uma bateria de íons de lítio tipo LFP convencional não gerou
chamas nem fumaça, mas a temperatura em sua superfície chegou a perigosos 200°
C. Ou seja, a BYD afirma que a bateria Blade é menos suscetível a pegar fogo
mesmo que severamente danificada.
Outros ensaios incluíram colocar
a bateria em um forno submetida a até 300° C, sobrecarregá-la em 260% e até
fazer um caminhão de 46 toneladas passar por cima de um pacote de baterias. Em
nenhum deles houve fogo ou explosão, ou sequer qualquer deformação e vazamento
— a bateria chegou a ser instalada em um carro depois para comprovar que seguia
em perfeito estado.
Fonte: Autoesporte.