A decisão de criar uma Vila Olímpica sem ar condicionado para sediar atletas dos Jogos de Paris-2024 vem sendo assunto desde o anúncio do projeto, em meio à preocupação com altas temperaturas no verão da capital da França. Para entender a viabilidade da proposta, o governo francês ainda antes da conclusão das obras encomendou uma simulação digital que recriou os prédios virtualmente e analisou o impacto de uma onda de calor intenso. O resultado do exame foi de que os sistemas de isolamento e refrigeração mantêm os apartamentos até 10°C mais frescos do que a temperatura exterior do prédio.
A gestão de impacto climático
usando os gêmeos virtuais vem sendo usada por cidades ao redor do mundo, com
destaque para Ásia e Europa, explica Jaques Beltran, diretor global do eixo
“cidades e serviços públicos”, uma das 12 frentes de atuação da Dassault
Systèmes para aplicação do 3DEXPERIENCE, pacote de serviços que inclui
simulações e gestão de dados de alta complexidade.
Algumas das outras aplicações são a aeronáutica, origem da tecnologia desenvolvida, indústrias, como automobilística, de construção e energia, e a medicina, com pesquisas que utilizam um gêmeo virtual do coração humano para aprimorar cirurgias e estudos.
Uma vantagem de criar uma cópia digital das cidades é poder antecipar cenários. Sabendo do alto custo para adquirir o sistema, a companhia francesa montou um sistema que “aluga” a plataforma para trabalhos sob encomenda, ou “as a service”. Uma prefeitura interessada pode encomendar uma análise específica, como, por exemplo, comparar o impacto climático do uso de um terreno público para um parque ou um estacionamento, ou ainda, estudar ilhas de calor em determinada região, por cerca de 40 mil euros, afirma Beltran.
Kyoto, no Japão, usou a
tecnologia para prever enchentes e aprimorar rotas de fuga e seu sistema de
alertas. Na Austrália, a tecnologia 3D está ajudando a construção civil a
projetar a expansão de áreas povoadas levando em conta a ocorrência de
incêndios florestais. Em maior escala, a californiana Nvidia anunciou em março
uma plataforma com um gêmeo virtual do planeta, destinada à simulação de
eventos climáticos globais.
Como funciona a plataforma
O sistema francês é um
ecossistema de aplicativos, que funcionam dentro da plataforma 3D. As camadas
de trabalho possibilitam a inserção de grandes quantidades de dados. No caso
das cidades, informações públicas sobre transporte, tráfego em grandes vias,
emissões de gases estufa, meteorologia, e até mesmo especificações sobre as
construções, como o material usado.
Uma interface amigável organiza
estes dados, para que possam ser utilizados em simulações, com a possibilidade
de várias pessoas trabalharem conjuntamente de forma remota, usando login e
senha, adicionando contribuições ao projeto. Por fim, a simulação é montada por
um aplicativo específico. A partir dessa simulação estabelecida, é possível
simular cenários considerando inúmeras variáveis, como vento, chuva, poluição
do ar e sonora.
Para clientes que desejam comprar
ou usar a plataforma por longos períodos, a Dassault Systèmes fornece
treinamento. Há também a possibilidade de análises on demand, quando uma
indústria ou administração municipal pode fornecer dados para a empresa avaliar
uma situação específica, fornecendo um diagnóstico baseado em dados, por
exemplo.
Fonte: Um Só Planeta.