terça-feira, 13 de agosto de 2024

Gêmeo virtual: tecnologia 3D, que gera "cópia digital" das cidades, simula impacto climático.

A decisão de criar uma Vila Olímpica sem ar condicionado para sediar atletas dos Jogos de Paris-2024 vem sendo assunto desde o anúncio do projeto, em meio à preocupação com altas temperaturas no verão da capital da França. Para entender a viabilidade da proposta, o governo francês ainda antes da conclusão das obras encomendou uma simulação digital que recriou os prédios virtualmente e analisou o impacto de uma onda de calor intenso. O resultado do exame foi de que os sistemas de isolamento e refrigeração mantêm os apartamentos até 10°C mais frescos do que a temperatura exterior do prédio.

A gestão de impacto climático usando os gêmeos virtuais vem sendo usada por cidades ao redor do mundo, com destaque para Ásia e Europa, explica Jaques Beltran, diretor global do eixo “cidades e serviços públicos”, uma das 12 frentes de atuação da Dassault Systèmes para aplicação do 3DEXPERIENCE, pacote de serviços que inclui simulações e gestão de dados de alta complexidade.

Algumas das outras aplicações são a aeronáutica, origem da tecnologia desenvolvida, indústrias, como automobilística, de construção e energia, e a medicina, com pesquisas que utilizam um gêmeo virtual do coração humano para aprimorar cirurgias e estudos.

Uma vantagem de criar uma cópia digital das cidades é poder antecipar cenários. Sabendo do alto custo para adquirir o sistema, a companhia francesa montou um sistema que “aluga” a plataforma para trabalhos sob encomenda, ou “as a service”. Uma prefeitura interessada pode encomendar uma análise específica, como, por exemplo, comparar o impacto climático do uso de um terreno público para um parque ou um estacionamento, ou ainda, estudar ilhas de calor em determinada região, por cerca de 40 mil euros, afirma Beltran.

Kyoto, no Japão, usou a tecnologia para prever enchentes e aprimorar rotas de fuga e seu sistema de alertas. Na Austrália, a tecnologia 3D está ajudando a construção civil a projetar a expansão de áreas povoadas levando em conta a ocorrência de incêndios florestais. Em maior escala, a californiana Nvidia anunciou em março uma plataforma com um gêmeo virtual do planeta, destinada à simulação de eventos climáticos globais.

Como funciona a plataforma

O sistema francês é um ecossistema de aplicativos, que funcionam dentro da plataforma 3D. As camadas de trabalho possibilitam a inserção de grandes quantidades de dados. No caso das cidades, informações públicas sobre transporte, tráfego em grandes vias, emissões de gases estufa, meteorologia, e até mesmo especificações sobre as construções, como o material usado.

Uma interface amigável organiza estes dados, para que possam ser utilizados em simulações, com a possibilidade de várias pessoas trabalharem conjuntamente de forma remota, usando login e senha, adicionando contribuições ao projeto. Por fim, a simulação é montada por um aplicativo específico. A partir dessa simulação estabelecida, é possível simular cenários considerando inúmeras variáveis, como vento, chuva, poluição do ar e sonora.

Para clientes que desejam comprar ou usar a plataforma por longos períodos, a Dassault Systèmes fornece treinamento. Há também a possibilidade de análises on demand, quando uma indústria ou administração municipal pode fornecer dados para a empresa avaliar uma situação específica, fornecendo um diagnóstico baseado em dados, por exemplo.


Fonte: Um Só Planeta.