O braille é um sistema de escrita criado para pessoas com deficiência visual, parcial ou total, composto por sinais em relevo que permitem a leitura e a escrita por meio do tato. Criado há mais de 200 anos pelo francês Louis Braille, este sistema é o meio mais completo e eficiente para permitir o acesso à informação por pessoas cegas.
Para melhorar a experiência das
pessoas com deficiência visual, uma equipe da Universidade de Bristol, no Reino
Unido, desenvolveu um dispositivo chamado "Braille-tip", que promete
expandir as possibilidades do processo de alfabetização em braille.
O dispositivo consiste em um sensor tátil de 11 milímetros de diâmetro, cuja ponta tem 19 áreas sensíveis distribuídas em uma membrana de silicone. Essas áreas reconhecem os pontos em relevo típicos da escrita braille. Esse sensor, montado na extremidade de um objeto semelhante a uma caneta, envia as informações para um algoritmo que realiza a tradução para o inglês em tempo real. As informações traduzidas são então transmitidas por meio de uma voz robótica.
“O Braille-tip foi projetado para
auxiliar a capacidade das pessoas de aprender de forma independente e,
espera-se, fará parte da solução para aumentar a alfabetização em braille e
permitir que as pessoas colham os benefícios da leitura e da escrita",
disse George Jenkinson, líder da pesquisa, em comunicado.
De acordo com o Censo de 2010,
feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 6,5
milhões de brasileiros apresentavam algum grau de deficiência visual, sendo 506
mil cegos e cerca de 6 milhões com baixa visão. Entre essas pessoas,
aproximadamente uma em cada quatro com mais de 15 anos era considerada
analfabeta, uma taxa superior à média da população em geral, que era de cerca
de 8% para a mesma faixa etária.
No Brasil, o braille começou a
ser introduzido em 1850 por José Álvares de Azevedo, fundador da primeira
escola dedicada ao ensino de cegos no país, hoje conhecida como Instituto
Benjamin Constant (IBC). Inicialmente, os materiais eram produzidos com um punção,
uma ferramenta usada para marcar pontos em um suporte específico. Com o tempo,
essa prática foi aprimorada, passando para máquinas de datilografia e,
atualmente, para impressoras computadorizadas.
A leitura é realizada da esquerda para a direita, de letra
em letra, utilizando os dedos indicadores de ambas as mãos. Um dos dedos pode
ser empregado para revisar e reler determinadas letras e localizar o início da
próxima linha, enquanto o outro dedo continua a leitura.
Nesse sentido, o
"Braille-tip" funciona como a ponta do dedo indicador de seu usuário.
Ele é projetado para facilitar a leitura de conteúdos em braille, ajudando os
usuários a interagir com espaços públicos, como elevadores e museus, além de melhorar
sua acessibilidade. Além disso, o dispositivo oferece uma oportunidade para que
os usuários pratiquem e aperfeiçoem suas habilidades em braille sozinhos, em
casa, sem precisar estar em sala de aula.
Agora, a equipe planeja aprimorar ainda mais a funcionalidade do "Braille-tip", aumentando sua precisão por meio de aperfeiçoamentos em seu design físico. Os pesquisadores pretendem realizar testes de eficácia com pessoas com diferentes graus de deficiência visual durante o desenvolvimento das melhorias, a fim de garantir que o dispositivo atenda de maneira às suas necessidades.
“Uma abordagem de co-design que
envolva usuários tem muito mais probabilidade de ter um impacto positivo no
mundo real do que uma abordagem isolada no laboratório", afirma Jenkinson.
“O padrão dos erros sugere que eles vieram da maneira como o dispositivo foi
segurado e operado, sugerindo que o algoritmo e o sensor provavelmente serão
capazes de atingir uma precisão muito maior, próxima a 100%, se o design for
melhorado.”
Fonte: Galileu.